24.2.09

"Comendo peira em Santa Maria da Feira"

Fui para Santa Maria da Feira hoje. Passei o dia a cantarolar aquela musica do Devendra que diz qualquer coisa tipo "comendo peira, em Santa Maria da Feira...". Nunca ninguém sabe o que é que ele queria dizer, mas lá está, o português é uma língua perversa... lol
Tentei fazer esboços rápidos de figura humana e paisagens. A figura humana vai correndo melhor, porque é o que faço mais nas aulas com o Nicola. Já as paisagens, nem sei como há alguns anos as conseguia desenhar; agora tenho muita dificuldade em desenhar árvores rapidamente. Parecem sempre uns tocos podados pelos jardineiros da câmara! Mas a paciência é uma virtude, e é preciso treinar, treinar, treinar...
Pela primeira vez em muitos anos olho para o meu caderninho de desenho como aquilo que ele é: uma compilação de experiências e descobertas. Antes, achava que o meu caderninho só devia ter desenhos bons, e ficava muito frustrada com resultados menos bons... acabava por me fartar do bloquinho e desistir dele...
Agora, vejo claramente que cada desenho me faz perceber alguma coisa nova. Na pior das hipóteses, faz-me olhar bem à minha volta e apreender o mundo, mesmo que ainda não seja capaz de o canalizar muito bem para o papel. Mas a paciência é uma virtude, né?:)

Aula nº 6

Dia de experiências com tinta da china. Os mesmos princípios das aulas anteriores, mas com um material que não domino minimamente. Ainda por cima utilizando um pincel grosso, com duas ou três pinceladas um A3 já era...
Mas foi uma libertação. Senti-me criança outra vez. Algumas experiências até não correram mal de todo, especialmente as que combinaram esboço rápido a carvão com aguada de tinta da china.
Um tipo de expressão a desenvolver, certamente!





Aula nº 5

Percebi finalmente o que é que temos andado a fazer nos últimos dias. Começava a assustar-me por achar que quanto mais aulas tinha, menos o meu trabalho se parecia com o modelo, e mais se aproximava de gatafunhos inconsequentes.
Hoje fizemos figura humana recorrendo a mancha, desenhando do interior para o exterior. Depois de alguns esboços rápidos, começámos a incorporar traço, mas evitando o contorno da figura. O objectivo é o traço volumétrico, tentar representar o volume e não o contorno.
O Nicola explicou que embora esta primeira fase do trabalho pareça idiota, é nela que reside a essência do desenho, porque estamos a desenvolver a nossa expressão, a nossa capacidade irracional de apreender e interpretar o objecto. Portanto, nestes esboços rápidos importa desenhar sempre, mesmo que não se esteja a olhar para o papel. Desenhar com atitude, ligeireza.
Essa atitude tem que se ganhar agora, e no futuro, quando desenvolvermos desenhos mais complexos e racionais, não perderemos esta essência.
No meu caso, trata-se de largar preconceitos, fugir das linhas rectas e da síntese das formas que a arquitectura me incutiu. Tenho que me soltar.
Começámos também a explorar as noções de luz, em que usámos só o branco e o preto total.
É difícil anular os tons médios e olhar para uma cena a cores, decidindo o que é totalmente branco e o que é totalmente preto. Um truque é semicerrar muito os olhos, as cores diluir-se-ão e serão mais nítidos os contrastes importantes.
O último desenho foi um aquecedor a gás e a sua envolvente, em que já houve lugar a alguns meios tons.



14.2.09

Desenhos no parque

Hoje estava um dia fantástico! Depois de semanas sem ver o Sol, já começava a acreditar que tinha uma nuvenzinha cinzenta sobre a cabeça!
Apeteceu-me imediatamente sair e ir desenhar! Fui para o parque da cidade, andei bastante, mas não fiz nada. Andava sempre à procura da cena certa, e quando dei conta, já estava o dia a acabar...!
Voltei para casa, e fiz desenhos de um manequim de madeira, do Nuno, e da minha gata, que resolveu ficar em cima da minha folha de papel.
Voltei ao carvão, depois de algumas experiências com barra de grafite, porque me obriga a não focalizar nos pormenores, e ajuda-me a ser mais expressiva

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Aula nº 4

Novamente esboços rápidos de 10 segundos (cerca de 25). Hoje estava especialmente cansada quando cheguei à aula. Saí-me razoavelmente bem nos esboços a carvão, porque exigem o máximo de concentração.
Depois, o Nicola pediu para desenharmos uma paisagem imaginária. É das coisas mais difíceis para mim, porque trabalho todos os dias com a paisagem. Basta-me ouvir essa palavra para me lembrar de trabalho, trabalho, trabalho... nomes de espécies, lancis em betão ou pedra, drenagem, tipo de rega, modelação do terreno... Adoro a minha profissão, mas o que é certo é que já não tenho um olhar inocente sobre a paisagem. E como estava cansada, sem imaginação, fiz um desenho visivelmente contrariada...
O Nicola gostou dos meus esboços, estou a soltar-me mais. Mas tenho um traço ainda rectilíneo, que devo contrariar sobretudo quando desenho formas orgânicas. Interessa a atitude com que se desenha, captar expressões, ambiências, mais do que fazer um registo fotográfico sem alma.
O desenho de uma forma orgânica estará sempre mais próximo do modelo se for desenhado com linhas orgânicas, certo?






12.2.09

Aula nº 3

Hoje temos mais uma pessoa, a Lucília. Tem 42 anos e nunca desenhou, tal como o Giancarlo, astrónomo. É fotógrafa, e tem 5 filhos! Nunca é tarde demais para começar. Diz o Nicola que a desvantagem da idade pode ser anulada pelo trabalho constante. Um grande talento não desenvolvido será muitas vezes superado por um talento menor que persistiu.
Primeira fase da aula: esboços rápidos em 10 segundos.
Segunda fase: dois desenhos sem contagem de tempo (cerca de 10-15 minutos). Os meus não ficaram 5 estrelas, porque quando desenho mais devagar, sem carvão (que foi o caso, usei uma barra de grafite), tenho alguma tendência para perder o ritmo e focalizar em pormenores antes de ter desenvolvido o esboço rápido da cena toda. Por isso, quando dei conta, no primeiro desenho já estava a colocar objectos fora do sítio... Fiz uma segunda tentativa mais rápida, trabalhando apenas uma fase da cena para não me dispersar tanto.
Escusado será dizer que desde que voltei a desenhar, BORRACHA NÃO VALE!
Críticas do Nicola: se não mantiver o ritmo, perco a concentração e a expressão. Mas estou a começar a relacionar bem os objectos e a corrigir os meus erros de perspectiva, mais evidentes na primeira aula.
Sinto a mão a começar a desenferrujar, como se não a usasse há muito tempo...





Desenhos entre aulas

Apesar de não ter muito tempo, estou a fazer um esforço para ter pelo menos alguns minutos por dia para fazer esboços rápidos. Comecei por tentar desenhar coisas simples, tipo uns frascos sobre uma mesinha, mas os meus gatos teimam em invadir-me a cena... Bem, se não os podes vencer, junta-te a eles...
Desenhos entre aulas: gatos, cacto e esboços de pessoas:

7.2.09

Aula nº 2

Hoje cheguei a horas.
Novo desafio: esboços rápidos de 5 segundos (glup...!).
O Nicola acha que fiz bons avanços, estou a soltar o traço e a ganhar confiança.
Mas os meus desenhos ainda são assustadores.
Não deixo de achar incrível como sou arquitecta há tanto tempo, e é raríssima a oportunidade que tenho de desenhar à mão livre no dia-a-dia.
Foram (40?) desenhos em 2 horas.

Aula nº 1

Cheguei meia hora atrasada (maldito trânsito!).
Éramos três. Um advogado, um astrónomo e eu, arquitecta paisagista. E o Nicola.
Só tive tempo de agarrar no material e sentar-me. Primeiro desafio: esboços rápidos em dez segundos, de objectos e pessoas sempre a mudar de posição (!!!).
Bastante frustrante, ter de optar entre olhar para o papel ou para o modelo.
Mas percebi o objectivo: a concentração é máxima, só há tempo para o essencial, para a expressão. Depois vêm as correcções. O pormenor é uma perda de tempo num desenho que já começou mal...
O Nicola pede que risquemos sem parar, mesmo sem olhar para o papel. Dançar com a mão, quase. Cada risco é informação preciosa.
Fiz 17 desenhos em hora e meia. Explicações à parte, foram 17 x 10 segundos = menos de 3 minutos de desenho puro...!
Nunca tive aulas assim. Adorei!
Saí a correr para ir ver Nouvelle Vague" a Guimarães...


Desenhos 1, 13 e 16













Primeiro passo: desenhar!

Depois de mais de três anos sem fazer nada no domínio da arte, estou como peixe fora de água. Decidi portanto, começar por inscrever-me em aulas de desenho.
Encontrei um anúncio fora do vulgar no CCBombarda, no Porto. Dizia: "Estas aulas destinam-se a pessoas que pretendem assumir o compromisso de aprender a desenhar muito bem, com seriedade. Oferece-se o mais alto nível de ensino."
Um anúncio destes merece no mínimo uma tentativa. Decidi experimentar...